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sábado, 19 de maio de 2012

Minha vida por eles e por nós.



 Há um ano, há essas horas , ela deveria estar perdida em devaneios de como a sua vida ia se dar a partir daquele instante em que tudo parecia ter se perdido. A vida escapava pelos dedos e ela nem teve a chance de dizer pra si mesma que havia outra alternativa: não havia. Ficou perdida, perplexa, persistentemente preocupada com aquilo que poderia ter causado aquela coisa. “ O que eu fiz pra merecer isso?” . Nada, ela não fez nada.Enganou um ou dois namorados, mentiu algumas vezes para a sua mãe... mas nada de matar ou roubar. Menina comum, 18 anos,um rostinho bonito, um papo relativamente bom, cabeça feita porque sabia o que queria.
Acabara de receber uma sentença de 2 anos, que lhe condenava á ficar  enclausurada numa prisão , ou pior, sua sentença poderia se tornar uma sentença das piores possíveis: a de morte. Isso era o que todos pensavam. Menos ela.

 Ela descobriu,sozinha que o perigo maior não era ela, e que na verdade era ali mesmo que iria descobrir a solução para a grande parte de seus problemas. Viu que não era tarde demais, nem tão diferente assim.Sentiu na pele que os bravos são escravos, são e salvos de sofrer. Olhou e viu que o sofrer não significava que ela era menor na vida.Sofrimento é opcional numa questão dessas, desistir é que não era uma opção. Juntou as mãos ao seu redor, fez o melhor que foi capaz e sobreviveu em paz. Está hoje aqui, viva e feliz para provar isso á todos, e á ela mesma. Foi levando assim, porque sabe que o seu acaso foi amigo do seu coração, quando resolveu falar com ela e ela decidiu escutá-lo.

Além disso ela é grata á todos que estiveram do seu lado em todos esses momentos. Á aqueles que não quiseram perder aquilo que tinham, e fecharam as mãos para o que havia de vir. É eternamente grata pelas concessões, pela paciência e por todo o amor. E ela sabe sim do incômodo, e dá razão quando vocês vem dizer que ela precisa sim, de todo cuidado, porque imagina o quanto lhes doeu a sensação dessa quase perda. Mas ela foi melhor do que vocês esperavam, e por isso posso dizer com toda a convicção do mundo : confiem nela, ela sabia o que estava fazendo do começo até agora. Deixou de ser a flor comum de todos, para se tornar uma mulher forte o suficiente para sonhar e perceber que a  estrada dela irá muito além do que ela e todos outros vêem . Está serena, porque agora sim está em par com Deus.

Lívia, quase 20 anos, 1 ano de diagnóstico de Leucemia Linfóide Aguda, em tratamento de manutenção somente com o uso de medicações via oral. 

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