Páginas

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O novo e o velho




Deveria ter escrito um texto de final de ano, afinal, 2011 foi um ano um tanto quanto diferente pra mim , se comparado com todos os outros 18 anos que já tinha vivido até então. Mais decidi que queria fazer algo que me desse a oportunidade de poder mesclar um pouco das coisas entre e o ano que foi e o ano que chegou , afinal é com esse passado que começo a moldar meu presente e apenas pensar no meu futuro ( reparem que coloquei pensar, não planejar). Não quero colocar aqui , e na verdade esse nunca foi o objetivo desse blog, motivos para que pessoas como você que lê isso agora ,se sinta mal por reclamar tanto da vida mesmo ‘tendo tudo normal’ na sua vida. Todos temos problemas, mesmo que seja uma dor na perna ou um amor não correspondido. Ninguém pode mensurar a dor que o outro sente muito menos julga-la, porque afinal cada ser humano é único nesse lugar, e sendo assim, seus sentimentos são únicos e eu respeito isto.
Por isso quero colocar nesse primeiro post do ano nosso fator em comum, meu e seu.
Pra começar, você já parou  pra pensar que você é um ser humano? Você é apenas isso, um ser humano cheio de limitações, e felizmente mortal ,e é a partir disso que deve começar a fazer seus planos, porque é a partir dessa pequena, mais existente limitação que devemos começar a buscar nossos objetivos .E ninguém mais humano do que eu para falar disso, afinal meu pequeno e rápido flerte com a morte me deixou claro o fator de ser apenas humana , porque foi nessa experiência que dura até agora , que eu levei um pequeno tapa na cara sobre uma das condições ‘de ser apenas humana’ . Pode-se deduzir pelo meu tom, nesse texto , para quem não me conhece ,que eu nessa experiência apenas aceitei o fato de sermos tão ‘limitados’, mais se você me acompanha a um bom tempo sabe que a história não é bem assim.
Então eu começo a pensar: o que faz uma pessoa ter vontade de viver sabendo que as coisas na vida são tão cheia de obstáculos, de limites? Qual é a graça de viver, sem ter de fato a famosa liberdade de fazer tudo que queremos, a hora que achamos melhor ?
Bom, eu posso dizer que é muito melhor viver e estar vivo sabendo que os limites existem , do que simplesmente não viver. O medo de perder essa oportunidade me fez enxergar isso e se eu posso servir de atestado de alguém que tem vontade de viver essa vida, aqui vai o meu grande conselho : aceite, você não é o super homem muito menos o homem aranha. Você é apenas o José ou o Paulo, mais ainda assim você é muito muito muito especial, apenas pelo fato que está aqui, então reconheça isso. Mas não reconheça isso para os outros, afinal ninguém precisa de mais um ser humano dependente dos outros para sobreviver, mas reconheça isso para si mesmo. Reconheça e agradeça pela pequena oportunidade de estar aqui nesse lugar tão bacana que é a Terra. Nem tudo é desgraça , você sabe disso. Na verdade,  a maioria das coisas não são , muito pelo contrário, qualquer pequeno momento aqui é uma chance , é uma esperança, é um sorriso, uma palavra que podem se tornar apenas coisas boas, basta nós nos esforçarmos para que isso aconteça. Pare de viver os dias... viva os momentos. Pare de contar as horas que passam nesses dias, apenas deixe que elas corram sem que você tenha a consciência que um dia lá um cara limitou os dias nelas. Não estou dizendo para você simplesmente jogar seu relógio no lixo, afinal eu não seria nem louca de lhe pedir isso, mais estou apenas pedindo que você se dê a oportunidade de fazer essa expedição por este lugar e depois um dia, se você encontrar a famosa pedra no caminho, saiba como lidar com ela, porque afinal quem sempre viveu se limitando, na hora que encontra um limite de verdade simplesmente não sabe como ultrapassa-lo.
Mais escrevendo assim, parece que com a minha experiência eu ganhei uma vida totalmente nova, cheia de coisas que me dessem motivos ,e é claro liberdades para viver. É,mais é muito pelo contrário. A minha pedra no caminho me deu apenas mais e mais limites e dessa vez limites reais para continuar vivendo. Limites totalmente reais e palpáveis. Uma realidade que para muitos na verdade é difícil de se imaginar, porque afinal nunca pensamos que poderia se ‘viver’ assim : contando leucócitos para ver se posso ficar perto das pessoas ou não, plaquetas para saber se posso levar um tombo sem ter uma hemorragia ou quem sabe o quanto de hemoglobina existe no meu corpo para que eu consiga pelo menos ficar em pé. Enquanto a realidade de muitas meninas da minha idade, na verdade a maioria delas, é pensar no que o namorado esta pensando dela agora, a minha é simplesmente pensar no que vai ser do resto da minha vida a partir deste momento e eu dou graças a Deus por isto. Hoje, eu sou mais livre do que jamais fui durante toda a minha vida. Hoje eu sei o que significa de verdade a palavra ‘liberdade’ e sei valoriza-la a cada instante que vivo, sei fazer minhas escolhas baseada em algo que é real. Engraçado como a vida é , encontrei minha liberdade vivendo numa bolha de limites. Não estou dizendo que não preferia estar me importando com o que o meu namorado pensa de mim, afinal isso é muuuuuuuuuuuito mais legal do que contar leucócitos , plaquetas e hemoglobina... Mas pensando bem, sem o meu namorado eu viveria, agora sem meus leucócitos, plaquetas e hemoglobina seria um tanto quanto mais complicado de SOBREVIVER.
Não não, não estou dizendo que viveria sem o grande amor da minha vida, mais é que antes de começar a busca-lo eu precisei encontrar o verdadeiro amor dentro da minha vida, que foi o amor por mim mesma. Todos esses fatores , sanguíneos, apenas ilustram uma pequena parte das coisas que deveríamos valorizar para encontrar a verdadeira liberdade no viver e a partir disso amar, beber, comer , se reproduzir...entendeu?
Então que tal escolher sobreviver assim: vivendo de verdade os momentos, se valorizando e principalmente aceitando seus limites, porque somente quem tem a humildade de reconhece-los é capaz de no final encontrar a si mesmo.
Nós somos iguaiszinhos, desde o momento que fomos concebidos até o momento que vamos ter que partir, a nossa única diferença durante toda essa passagem é como escolhemos fazê-la. Sinceramente, não sou diferente , agora, pelo fato de não ter cabelos e ter um cateter acoplado no meu peito, mais sou diferente porque ganhei essa lição de como fazer a passagem de uma forma real e não passa-la á você seria muito egoísmo de minha parte. É como ganhar uma caixa inteira de bombons , ter milhares de pessoas ao meu redor e não querer reparti-la. Então aproveite essa doce experiência que estou lhe oferecendo,  e hoje apenas sente ali no jardim , curta esse céu azul e esse sol maravilhoso e agradeça, de verdade, por estar aqui.Feliz ano novo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário