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terça-feira, 27 de setembro de 2011


Detesto fazer textos falando de sofrimento e tudo mais, sempre procuro tirar da minha experiência (sem muitos detalhes específicos sobre ela), coisas boas ... mas tem vezes que é difícil, e esses últimos dias me mostraram claramente isso. Comecei o tratamento extraordinariamente bem, animada e tranquila, apesar de já saber que ia ser um processo longo e algumas vezes, doloroso (no sentido mais real da palavra). Mas saber e sentir são coisas completamente distintas e é na experiência que vivenciamos o que é real. Esses últimos 15 dias me fizeram ver isto. A perspectiva de ficar 2 anos em tratamento, para salvar a minha vida parecia muito boa á princípio, pensando que pelo menos eu tenho a chance de ter a minha vida de volta. Mas só isso ás vezes não é suficiente para suprimir a dor física e psicológica que 4 meses intensos de tratamento podem causar, e causaram. Estava, e estou, cansada de tudo. Cansada de rotina de hospital, cansada de estar doente, cansada de deixar tudo de lado, cansada de ser deixada de lado. É, quem tem esperança as vezes cansa, não de ter esperança, mas de esperar resultados que sabe que pode ter somente à longo prazo. E infelizmente essa é a minha perspectiva atual. Como muitos não tiveram essa experiência nem com 50 anos de idade, eu com os meus 19 estou vivendo algo que é único pra uma pessoa: esperar, com toda a paciência do mundo, que algo dê certo na minha vida, sendo que essa coisa depende 80% da minha força de vontade. E não é uma faculdade, um casamento, um filho... é a minha sobrevivência. E como qualquer ser humano normal, eu tenho o meu instinto, que me leva a querer viver, certo? Sim, porém, só força de vontade não é suficiente para aguentar tudo que acontece. Dores estranhas e intermináveis, mais de 72h de dor de cabeça incessante, que para melhorar só com mais de 48h de repouso absoluto, e absoluto nesse caso significa uma cama a 0º , sem levantar nem 1 minuto nem para ir ao banheiro ou tomar banho. Isso tudo criou uma atmosfera de desespero, que ainda atraiu um problema no meu cateter, o que me levou para a mesa de cirurgia novamente, para retirar o que estava com problema, e reposionar outro. Resultado: a dor de cabeça até passou, mais aí veio a dor da cirurgia,que afinal me concedeu dois cortes e um corpo estranho novamente no meu organismo. Foram dias ruins , porém que me fizeram concluir algo: coisas ruins podem sim acontecer, mas se eu me deixar levar por elas, coisas piores podem acontecer. Talvez seja coisa minha, mas eu acredito de verdade que aquela ‘atmosfera de desespero’ foi suficiente para fazer meu corpo demorar tanto para se recuperar, e ainda agrupar mais alguns problemas. Podemos sim controlar aquilo que acontece com o nosso corpo, e agora eu sou perfeitamente capaz de compreender isto. Não posso controlar a mutação de uma célula causada por uma radiação, ou quem sabe um enjoo vindo em consequência de uma medicação... mas posso controlar para que a célula seja eliminada do meu corpo e que o enjoo cesse o mais rápido possível. Está tudo dentro da minha cabeça, e o comando está em minhas mãos. Ser saudável fisicamente não depende só daquilo que você come ou faz, mas também do que você pensa. Sim, pensamentos positivos atraem coisas positivas, acreditem. E isso serve não somente para as coisas relacionadas com o nosso corpo, serve também para nossas aspirações, sonhos e expectativas. Evitar atmosferas de desespero, tristeza, solidão... é um segredo simples para uma vida saudável.
Como diria Sir William Shakespeare “somos a matéria da qual são feitos os sonhos” ... e nossos pesadelos também. Porém, se buscarmos sempre colocar nossos pensamentos de acordo com aquilo que nossos sonhos normalmente proporcionam, provavelmente o pesadelo acontecerá muito menos do que esperamos :).

A foto acima é uma fruto de uma pesquisa feita por um médico japonês, que conseguiu 'fotografar' a forma que a água tem quando misturada com palavras, como amor e obrigada, como no caso desta que está aqui.
http://www.youtube.com/watch?v=ScbON-y5U2k&feature=related (Essa é uma parte do documentário 'Quem somos nós', que é excelente por sinal, em que essa pesquisa é relatada).

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