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quarta-feira, 13 de junho de 2012

O que é a tristeza?


Tristeza pra mim é enxergar e não ver. É possuir todas as possibilidades e chances, e não usufruir nenhuma, por simplesmente não querer, não saber, não ser.

Tristeza pra mim é pensar que se tinha tudo, e ao mesmo tempo não tinha nada, porque não sabia o que se fazer com esse “tudo” e aí o que acabou fazendo foi nada.
A tristeza é uma cegueira transitória, daqueles que acham que o mundo deve ser feito só de coisas boas.


Pois então senhores tristonhos, mudem de mundo, pois aqui as coisas não são assim.


Aqui coisas boas e ruins condensam-se para formar o que somos, o que queremos ser. Somente tropeçando nas pedras no caminho, chegamos até o final desse caminho.Desvios, fugas, cegueira...isso serve pra quê? Para uma vida mais “leve”? Para encontrar a “felicidade”? Que felicidade é essa que se alimenta somente do confortável, do prático, do usual ?


Cadê o ser humano aventureiro, curioso, impermanente , insistentemente preocupado com o que é, com o que vai ser, com o que pode ser ? Onde foram parar os “Dom’s Quixote’s” e seus moinhos de ventos ?

AH ! Já sei.

 Foram engolidos pela tal sociedade do belo,do bom, do saudável e prático. Uma sociedade permanentemente sentada no colo do conforto.Alimentada por uma extrema vontade de ficar parada naquilo que “lhe faz bem”. O ruim, o desconfortável , o esquisito... isso incomoda.É o elefante enorme que senta na cara dessa sociedade que odeia pedras no caminho. E aí, quando a pedra ou o elefante aparece o que essas pessoas fazem? Travam, empacam, desistem, desacreditam.

 Ficam lá se perguntando :”Mas o que eu fiz pra merecer isso? “. E eu apenas digo: ninguém fez nada de errado.Nem eu, nem você, nem eles. A questão é : o ruim faz parte da vida tanto quanto o bom, e é isso que nos espanta, nos bloqueia, nos torna verdadeiros ignorantes na arte de viver.

Ficamos cegos para a impermanência de nossas vidas exatamente pelo fato de gostarmos de estar no conforto, no comum, no usual. A mudança, o diferente, aquilo que não estamos acostumados,isso nos assusta... e como assusta.


Mas e aí quando ela chegar, o que você vai fazer? Permanecer na inércia do seu mundinho estável,  ou vai abrir os braços para o elefante e a pedra e dizer pra eles que eles fazem parte da sua vida e que vocês os aceita?

Dificil? Impossivel? Isso só depende de você,  e do que você pretende na sua vida.
Se pretende ser mais um, dentro de um bolo que se esqueceu de o que significa ser um ser humano, sinta-se a vontade para permanecer estagnado junto as pedras e elefantes, usando da sua “cegueira seletiva” para achar que possui o controle sobre a vida.

Mas, se pretende abrir os olhos para o despertar interno, abraçando elefantes e pedras como seus semelhantes... aí eu acredito que estamos no caminho certo para evoluir , cada um do seu modo, para tornar aqui um lugar melhor.


Sempre me incomodei com o poema do Drummond, aquele da pedra no caminho...e quer saber, o nome disso era tristeza. Hoje compreendo o que me incomodava, e passo a ver e sentir de outra forma o que ele quis fazer com isso. Se você ainda se incomoda, pense nas suas pedras e descubra se você as aceita no seu caminho.

“No meio do caminho tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.”

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Aspirações da alma que sente



Suas palavras, soltas, são melhores do que sua alma presa. O grito mudo que essa alma emana, dentro de um mundo surdo pela ignorância , é desesperador para este ser que possui uma intensa sede de viver. É um grito que busca a liberdade desse lugar que quer somente ter,e não mais ser.Mas afinal,o que ela quer?

Bom, ela quer apenas que sejamos um só, como outrora já fomos. Quer sentir você, ela, nós. Quer que nossos sentimentos sejam compartilhados.Quer que eles se fundam,que sejam o que são: únicos, inigualáveis, indispensáveis e inexplicáveis.

Quer estabelecer a ligação.Quer novamente aquelas cores, cheiros, gostos intensos. Quer se perder naqueles pensamentos de plenitude e desprendimento.

Quer que aquele brilho nos olhos, não fique somente neles... quer que ele emane sobre todo o seu ser, sobre aquilo que ela foi e é, para ser o que somos de verdade , mas juntos.
Quer a coerência de seres que compreendam a si mesmos,antes de quererem me compreendê-la. 
Quer também a experiência de corações que preencheram o vazio da busca, paradas exatamente no mesmo lugar: não é preciso ir muito longe para encontrarmos aquilo que precisamos, aquilo que nos falta... o que somos de verdade está mais perto do que imaginamos.

Quer novamente a percepção do equilíbrio.Quer senti-lo, quer sê-lo. Encontrá-lo em cada raio de sol, cada revoada de pássaros... quer ele presente na sua voz, na tua voz, no meu ser, no nosso ser.

Quer a presença, sem medo da ausência. Quer sonhar, sem o medo de talvez não realizar.
Quer libertar sua alma presa por todos esses desejos.Quer parar de querer, para também voltar a ser.

sábado, 19 de maio de 2012

Minha vida por eles e por nós.



 Há um ano, há essas horas , ela deveria estar perdida em devaneios de como a sua vida ia se dar a partir daquele instante em que tudo parecia ter se perdido. A vida escapava pelos dedos e ela nem teve a chance de dizer pra si mesma que havia outra alternativa: não havia. Ficou perdida, perplexa, persistentemente preocupada com aquilo que poderia ter causado aquela coisa. “ O que eu fiz pra merecer isso?” . Nada, ela não fez nada.Enganou um ou dois namorados, mentiu algumas vezes para a sua mãe... mas nada de matar ou roubar. Menina comum, 18 anos,um rostinho bonito, um papo relativamente bom, cabeça feita porque sabia o que queria.
Acabara de receber uma sentença de 2 anos, que lhe condenava á ficar  enclausurada numa prisão , ou pior, sua sentença poderia se tornar uma sentença das piores possíveis: a de morte. Isso era o que todos pensavam. Menos ela.

 Ela descobriu,sozinha que o perigo maior não era ela, e que na verdade era ali mesmo que iria descobrir a solução para a grande parte de seus problemas. Viu que não era tarde demais, nem tão diferente assim.Sentiu na pele que os bravos são escravos, são e salvos de sofrer. Olhou e viu que o sofrer não significava que ela era menor na vida.Sofrimento é opcional numa questão dessas, desistir é que não era uma opção. Juntou as mãos ao seu redor, fez o melhor que foi capaz e sobreviveu em paz. Está hoje aqui, viva e feliz para provar isso á todos, e á ela mesma. Foi levando assim, porque sabe que o seu acaso foi amigo do seu coração, quando resolveu falar com ela e ela decidiu escutá-lo.

Além disso ela é grata á todos que estiveram do seu lado em todos esses momentos. Á aqueles que não quiseram perder aquilo que tinham, e fecharam as mãos para o que havia de vir. É eternamente grata pelas concessões, pela paciência e por todo o amor. E ela sabe sim do incômodo, e dá razão quando vocês vem dizer que ela precisa sim, de todo cuidado, porque imagina o quanto lhes doeu a sensação dessa quase perda. Mas ela foi melhor do que vocês esperavam, e por isso posso dizer com toda a convicção do mundo : confiem nela, ela sabia o que estava fazendo do começo até agora. Deixou de ser a flor comum de todos, para se tornar uma mulher forte o suficiente para sonhar e perceber que a  estrada dela irá muito além do que ela e todos outros vêem . Está serena, porque agora sim está em par com Deus.

Lívia, quase 20 anos, 1 ano de diagnóstico de Leucemia Linfóide Aguda, em tratamento de manutenção somente com o uso de medicações via oral. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

A loucura da liberdade


                                                  (Paysage aux oiseaux jaunes, Paul Klee)

“E o nosso medo, e a nossa coragem”.

Essa frase sempre me vêem a cabeça,  parece que ela insiste em ressoar toda vez que penso em desistir de alguma coisa, independente do que seja. O medo vem, me assusta, me torna uma covarde perante diversas coisas mas, de repente, me vem a coragem e diz que não vai ser agora que eu vou desistir : desistir não é uma opção. Independente do que seja, eu tenho que tentar.

É claro que é muito mais confortável me manter assombrada pelo medo.
Ele nos vem, primeiramente, como aquela sensação de desconforto, mais que com o tempo acaba se tornando “normal”, “comum”.Somos condizentes com suas exigências e pior, nos adaptamos á elas, pelo simples fato de que a sensação de olhar atrás das grades ,segurando as barras de proteção com as duas mãos, nos trás muito mais conforto do que se estivéssemos livres sem ter onde nos segurar. 

Como diria Clarice “ A prisão é a segurança, a barra de apoio para as mãos”.Melhor estar preso sabendo onde estou, firme com as minhas barras de seguranças e o escambau, do que livre,perdido num mundo onde nada faz sentido para mim, onde as coisas não são sempre do jeito que eu quero na hora que desejo.

É fácil querer ser alguém numa vida que é só nossa, difícil é tornar-se alguém sem deixar de ser você mesmo, no mundo dos outros.

A liberdade meus queridos, é para poucos, pois só á tem aquele que verdadeiramente possui coragem de encarar o mundo de olhos e coração abertos para si e para os outros.É a coragem de largar as barras, sair da prisão e ir em busca de mundos que não sãos seus, que nunca lhe perteceram antes e nem sequer passaram pela sua cabeça que um dia pudessem existir na sua vida, compreendedo-os como se fossem os seus.

A liberdade é para os loucos, que não precisam ser entendidos, porque estão fazendo exatamente aquilo que não é para ser digerido com a razão e sim é para ser sentido com o coração.  E me limito á apenas dizer que quanto mais me explico, mais perco minha coragem, então termino aqui, sendo eu mesma, no seu mundo, porém não desistindo do meu.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Nosso Encontro


E é aqui que eu descobri o verdadeiro motivo , de tudo isso. A minha Roda da Fortuna girou, novamente , para me mostrar que as coisas não são mais do que realmente deveriam ser. Tudo tem um motivo, uma causa maior. Qual é ela ? Eu não sei, e nem posso saber, não cabe a mim descobrir aqui neste lugar. Justificativas só me serão dadas quando eu tiver superado todas  as fases com grande maestria, compreendendo que o aprendizado mais doloroso é aquele que a gente não consegue entender e solucionar. Aquele cujo a nossa força interior não consegue superar, o qual o peso é maior do que nós podemos carregar .É fácil ver, falar, discutir sobre um problema...difícil  mesmo é aceita-lo  de verdade, fazê-lo ser parte da sua vida, como qualquer outra coisa. Enxergá-lo com os olhos que poucos vêem , buscar nele, e somente nele, uma fonte de um conhecimento que é eterno e que vai ser carregado para além desse lugar em que vivemos.

Já diria alguém, cheia de conhecimentos sobre tudo isso que eu estou falando, que “ até para morrer é preciso ter coragem” , então porque passar a vida toda tendo medo de viver? Arriscar, fazer diferente, ser diferente... parecem meras descrições daquela menininha sonhadora de sempre. Mais quer saber ? A menininha vai estar pra sempre viva e creio que esse seja o meu maior desafio: fazê-la sempre viva dentro de mim. A menininha que antes era apenas menininha acabou, sem querer.Ao virar gente grande, adquiriu faces e atitudes de uma mulher para poder retomar a sua vida. Mas a sua inocência,esperança de que as coisas fossem diferentes permaneceram, e aí vive a prova de que para tudo nessa vida é preciso ter coragem. Coragem para ser gente grande, enxergando o mundo com os olhos de uma criança. Sem medo de errar, de experimentar coisas novas, sem medo de ser exatamente o que eu sou. Porém, sendo prudente e reflexiva nas minhas ações, tornando o lado de gente grande sempre “alerta”, para não ser manipulado e manipular novamente,não deixando a menininha se esvair.

Mas eu admito que não fiz tudo isso sozinha, e é exatamente por isso que eu possuo uma motivação maior para escrever isto hoje: é o meu agradecimento especial á aquela pessoa que me ajudou á enxergar e preservar esse meu lado. Me ajudou a crescer, a enxergar a vida de gente grande, mais sempre insistindo para que eu continuasse a ser a pequena que queria sempre ver esse mundo bonito e colorido,sendo exatamente como ele é . Um obrigada especial á você, que enxergou nos olhos “ daquela menininha linda com o vestido branco todo cheio de flores”,a bondade que buscava um caminho e que no final das contas acabou achando coisas além do que somente uma forma de aplicar essa sua bondade aos outros...  ela aprendeu á aplicar essa bondade á si mesma, amando-se intensamente  e também á todos que se encontram ao seu redor.

 Espalhando a luz, outrora reprimida dentro dela, fazendo com que esta se reflita nos olhos daqueles que mais precisam, fazendo com que estes enxerguem aquilo que você , enxergou desde o começo. Obrigada por agora ter se materializado como meu guia, tornando tudo mais claro e em sintonia do que já estava.
Vou prosseguir tranqüila nesse meu caminho, agora sem medo , sem receio de que as coisas não pudessem dar certo. Elas vão dar, porque eu tenho você me ajudando a construi-lo. Um dia vai encontrar minha alma toda paz e toda calma , com a mais sublime ternura que você mesmo tanto ressaltou. Vou de fato, me transformar na estrela ressurgida através de toda dor e tudo isso por você, meu amor. Vou ser a sua luz que brilha, no centro dessa densa treva, fazendo a sua alma se elevar além desse nosso céu.
Afinal, depois de tudo isso, você me mostrou que eu posso vencer a tristeza e a morte, pois você é a minha sorte, o meu anjo protetor.

E quando estiver perdida nesse lugar de novo, vou te procurar, porque sei que sempre vou achar, você nunca nunca nunca vai me deixar .



quarta-feira, 28 de março de 2012

O que faltava











“Quando o indivíduo compreende a diferença entre a doença e o sintoma, a sua atitude básica e a sua relação para com a doença modificam-se rapidamente. Deixa de considerar o sintoma como o grande inimigo cuja destruição deve ser o seu objetivo prioritário, passando antes a encará-lo como um aliado que o poderá ajudar a encontrar aquilo que lhe falta para poder levar de vencida a doença. Nessa altura, o sintoma será como o Mestre que nos ajuda a estar atentos ao nosso desenvolvimento e conhecimento, um Mestre severo que será duro conosco se nos negarmos a aprender a lição mais importante. A doença não conhece outro objetivo que não o de nos ajudar a reparar as nossas carências e a tornar-nos sãos.”

      A cada dia que passa, a vida me da cada vez mais provas de que tudo está em equilibrio, e que as coisas são sim da maneira que deveriam ser. As provas vem de acordo com aquilo que um dia pensamos ser certo para nós e que com o tempo se confirmam em sutis demonstrações de equidade em tudo que acontece ao nosso redor. Este trecho, do belíssimo livro( ainda inacabado para mim) de Thorwald Dethlefsen e Rúdiger Dahlke, chamado “ A Doença Como Caminho”, demonstra claramente sentimentos que tive antes de ser diagnosticada com a tal da Leucemia Linfóide Aguda. Um belo dia, sem saber porquê, me vi chorando em um quarto escuro com um sentimento de “falta” enorme dentro de mim,era algo gritante, algo que a própria razão não sabe explicar, mais que me fez mudar o curso da minha vida, me fazendo voltar para o lugar onde toda essa história iria se desenrolar. E foi a partir disso que eu percebi, que toda essa situação deveria acontecer. Nada do que veio depois disso, não era mais do que a busca daquilo que me faltava.
    Meu sintoma foi de fato um “mestre”para que eu me guiasse em busca de não só uma, mais de milhares de lições importantes para que eu pudesse levar minha vida em frente,porém de forma mais consciente . Porém, isso só aconteceu porque eu fiz a escolha de levar tudo isso dessa forma, e essa minha escolha foi feita de maneira totalmente inconsciente. 

    Platão um dia disse que possuímos um tal de “conhecimento inato” e depois disso sabe que eu até acredito um pouco nele. Toda essa consciência de encarar a doença que partiu de mim quando recebi meu diagnóstico poderia morar em milhares de livros, vídeos, estudos e etc... porém eu não tinha visto nada disso até então, era simplesmente algo que morava dentro de mim mas que nunca tinha sido despertado até então . Foi necessário um ‘start’ , um acordar de um instinto maior do que eu, algo que talvez poucos nessa passagem por esse mundo consigam despertar a ponto de se fazerem mudar: era meu instinto de sobrevivência, clamando dentro de mim para que eu pudesse continuar aqui.Mas diferente do instinto que estamos acostumados a ter todos os dias, como trabalhar para poder comer, nos arrumar para poder agradar , o meu instinto dizia que deveria lutar contra a natureza do meu próprio corpo para sobreviver. Tive que aprender a modificar este, educa-lo , fazê-lo compreender que todas aquelas mutações ruins que haviam ocorrido precisavam desaparecer para que eu e ele pudéssemos sobreviver. 

   No final das contas , eu percebi que o que de fato estava doente era algo mais profundo, algo dentro de mim, algo que precisava ser chamado á vida , na qual em uma só, “evolui pelo menos umas 5 ou 6” como alguém me disse esses dias. E é essa tal evolução que de certa forma me incomoda agora, porque simplesmente passei do normal, para a excessão, e ser excessão num mundo ‘ normótico’ é algo terrível. Tenho que me adaptar a aceitar atitudes que de certa forma não fazem mais sentido para mim, pelo simples fato de que se  me considero dentro de uma freqüência tão dissonante da maioria das pessoas, então eu tenho que aprender a aceitar essas que estão de fora . Mais não aceitar pelo meu bem estar, mais sim por saber que todos possuem a chance de um dia evoluir, uns serão precocemente,como foi meu caso, outros serão agora, outros depois e muito outros talvez nunca atingirão esse nível de consciência. Porém, cabe a mim ,que atingi esse patamar ,compreender e aceitar tudo isso como mais um desafio que faz parte dessa jornada.
    É o eterno exercício da paciência,virtude que ficou e está tão marcada na minha vida, e que um dia eu espero que esteja marcada na vida de todos aqueles que acredito que possam evoluir junto comigo, rumo ao lugar maravilhoso que nos espera lá na frente.

   É a certeza de que muitos exergam em mim, de que possuo um futuro que será radiante, que me faz seguir em frente, sendo paciente e melhor comigo mesma e com os outros todos os dias.

Ps: fiz esse post para justificar a revolta do ultimo. Compreendi o porquê da minha tristeza, e que preciso aprender a lidar com ela, porque no fundo ela é só o respaldo dessa minha evolução brusca, porém necessária, e eu compreendo e aceito isso. Mantenho minha opinião,mas entendo que preciso mais do que nunca aprender a lidar com esta para não prejudicar aqueles que talvez ainda não compreendam esse  nível de consciência.

quarta-feira, 21 de março de 2012

A rejeição do outono


Primeiro dia de outono. Paro e penso em como as pessoas nem ligam para essa estação. Mas afinal, sempre tem que haver algo que é rejeitado, e com as estações não iria ser diferente , não é mesmo ?
 O verão e seu calor que aquece as emoções e nos faz agir como tolos, desesperados pela alegria que faz parte da estação, mesmo que ela muitas vezes não faça parte de nós. O inverno e seu frio que nos isola, porém conforta com a proximidade que temos das pessoas devido ao fato de nos tornarmos cada vez mais compactados conforme a sensação de frio aumenta. A primavera e suas cores... e flores, que trazem junto a harmonia de um clima agradável, saudável, que torna tudo leve e sem preocupações.
Mais agora, e o outono? O clima indefinido, as arvores literalmente peladas, fora a sujeira que fica por conta das folhas que caem, secas e sem vida. Talvez seja por essa indiscrição, essa “falta de algo” realmente especial, que o outono seja tão rejeitado assim. É deixado de lado, porque nele não há nada de especial, é só uma transição entre os extremos do verão e inverno. A primavera também é isso, porém tem suas flores que pintam um quadro mais confortável de mudança, mais bonito e por isso mais relevante.

E é aí que eu me questiono dessa importância da aparência do belo e do bonito. Do que parece ser bom, para aquilo que , no fundo só aparenta ser ruim. Vivemos em um mundo feio, sem escrúpulos, que prefere muito mais valorizar uma beleza física e material do que uma beleza que é única : a beleza da alma, aquela que modifica padrões de comportamento e que nos faz ser o que somos.


Só é atraente aquilo que é fisicamente belo, o deteriorado, o esquisito, o feio é rejeitado , por mais qualidades internas que possua. É triste concluir que as pessoas só consigam enxergar esse lado, me decepciona ver que, apesar de termos a consciência de que nada é para sempre ( inclusive a beleza) , nosso pensamento parece funcionar ao contrário dessa constatação.
 
Somos seres egoístas, que preferem ficar com aquilo que nos agrada os olhos, e manter o mais distante o possível aquilo que nos incomoda, nos trás desconforto, justamente pelo fato de sabermos que o nosso fim é sempre o mesmo...
 
É como cita Marcelo Rubens Paiva, em seu "Feliz Ano Velho", quando diz que as pessoas não estavam incomodadas com o fato de ele simplesmente ser estranho e não poder andar, estar ali, inválido em uma cadeira de rodas... elas na verdade estavam incomodadas com o aviso que ele dava á todos : que ele, apesar de jovem e belo, que aparentava ser imune como nós sempre nos achamos ser, tinha sofrido um golpe do destino, e que todos nós, inclusive aqueles que menos parecem, estamos sujeitos á esses golpes.
E é fato que nos incomodamos com essas mensagens que nos passam todos os dias. Preferimos ignora-las , trata-las com indiferença do que aceita-las com admiração. Ver que na verdade o belo se encontra nelas, porque apesar das diferenças, conseguiram resgatar o que há de melhor dentro de si para poder sobreviver. E o seu melhor com certeza não se encontrava na aparência física.
 Sinto que o “aparentemente” saudável torna-se cada vez mais doentio, mais sem vida, sem valores...sem amor.Afinal, o que é o amor? Porque isso me parece não existir mais. Existe somente uma coisa : atração física. Ponto. Admiração, valorização, amor-próprio... nada disso existe mais nas relações. E não estou querendo dizer só relações homem/mulher no sentido sexual, mais todos os tipos de relações. Ser amigo de alguém feio e estranho pega mal, então porque me aproximar, não é mesmo ?
O problema é que a verdadeira deformidade mora dentro de atitudes como essa. São as rejeições, pré-conceitos que moram dentro de nós que nos fazem perder qualquer beleza que possa passar á nossa frente. A verdade é que se cultivássemos melhores sentimentos por aquilo que nos é estranho, talvez soubéssemos enxergar melhor aquilo que é realmente válido : aquilo que mora dentro de todos, e que dura por toda a nossa existência, aquela certeza que não somos imunes á nada e que a nossa vida é frágil e que deveríamos cuidar muito bem dela. Essa deveria ser a  nossa resolução interna, que nos faria ser o que somos e definiria a verdadeira beleza ou fraqueza dentro de nós.
Passar por um golpe do destino não é motivo de redenção para ninguém. Porém saber aceita-lo com paciência é demonstração de que a alma permanece intacta, se tornando grandiosa e bela. É a construção de uma beleza que é única, e eterna. Diferente da aparência, que é totalmente descartável e finita.
O outono é para mim muito mais do que uma estação passível de rejeição. Ele significa renovação, é quando as folhas caem , para que no lugar dela possam vir novos frutos e folhas que tornam a vida mais saudável e colorida. A primavera só poderá existir se antes proceder um outono e um inverno rigoroso. Só há transformação, com renovação. E a renovação nem sempre é pintada nas cores que mais nos agradam.
Por isso , acredito que devemos aceitar todas as mensagens que nos são colocadas,valorizar aquilo que realmente importa e principalmente :não buscar, nessa vida, enxergar as pessoas através do véu inconsciente das aparências, mais sim por meio daquilo que elas possuem internamente.

Meu pequeno desabafo, pelos eternos 10 meses de rejeição que sofri por ser uma mensagem descarada da intermitência da vida.



quarta-feira, 7 de março de 2012

Um mundo bem diferente

http://vimeo.com/37119711 (Assistam ao vídeo e depois leiam !)

Quando vemos um vídeo desse, as portas de nossa percepção se abrem para uma realidade totalmente diferente, que convive com miséria, sofrimento, desigualdade e intolerância todos os dias, sem exceções.
Uma percepção que abre os nossos olhos para a nossa realidade, que perto dessa, soa como um conto de fadas, com direito á príncipes encantados e sem bruxas ou seres realmente malignos. Achamos que convivemos com o mal de verdade, quando na verdade ele está muito, mais muito distante de nós. Temos que conviver com a dualidade bem/mal, mas não com a maldade de verdade, na sua face mais fria e truculenta, nos esquecendo de ela existe de fato e que acontece justamente com o nosso semelhante ( não esqueçamos que todos os "homo sapiens" desse lugar chamado Terra são exatamente iguais, independente de cor, raça, religião e por aí vai).
É claro que imagens como essa nos chocam, nos deixam indignados , morrendo de vontade de fazer algo, afinal todos nós possuímos aquele sentimento cristão de caridade , de prezar pela vida do próximo, mas quantos fariam isso de verdade? Quantos estariam realmente dispostos a deixar sua realidade de conto de fadas para ser levado por uma causa como essa? É muito simples se sensibilizar no conforto de sua casa, na frente de um computador compartilhando no Facebook, mais me diga, você deixaria o quentinho de sua casa, com roupa lavada e passada , comidinha na mesa todos os dias, para se colocar num verdadeiro campo de batalha, lutando não só contra esses seres malignos, mais também contra doenças, ódio, indiferença, preconceito , miséria e sofrimento ?
É aí que eu me pergunto até onde vai essa ‘mobilização’,quantos estariam de fato dispostos a dar um futuro diferente para os seus filhos.
E como sempre foi na humanidade, poucos vão fazer, para que muitos sejam beneficiados.
 Me emociona o fato de saber que existem pessoas que ainda fazem esse tipo de trabalho, para que, quem sabe  daqui a algum tempo esse mundo seja melhor do que é hoje. Pessoas que ficam anos a fio estudando para ir se meter lá onde Judas perdeu as meias , só para ajudar quem mais precisa. Isso sim é trabalho de verdade. É o trabalho que verdadeiramente dignifica o homem, no sentido mais literal possível da palavra, porque todos os dias são uma recompensa, todos os dias são uma vitória, um ganho . Saimos da realidade onde o ganho é somente material, se tornando um ganho espiritual, uma verdadeira recompensa para a alma, e sinceramente , existe trabalho melhor do que esse? Buscamos tanto o sentido da nossa vida, uma maneira de evoluir, quando ela está aí... na nossa cara, e nós só sabemos dizer  “ Mais eu não sei se conseguiria conviver com tudo isso” . Bem vindo ao mundo real, a vida não é sempre essa maravilha que sonhamos que ela seja, ela pede sempre mais para nós, e nós precisamos ter a cara e a coragem de dizer que sim, nós estamos dispostos a mudar e tornar esse mundo um lugar melhor para se viver,mais não somente para eu viver, mais para TODOS nós vivermos.
Temos que parar de achar que o sofrimento deve ser vangloriado, que ele sempre vai significar crescimento, evolução... chega de pensar assim ! Não precisamos de mais crianças morrendo por conta de abusos e doenças graves, não precisamos ver adultos sofrendo por conta de suas vidas miseráveis, desacreditando dela pelo fato desta simplesmente não ter mais sentido... chega disso, o sofrimento é feio, não dignifica ninguém . O bom, o feliz, o alegre, a força , a maturidade, a inteligência... a coragem , isso sim é dignificante, isso sim é exemplo para que nós mudemos o nosso paradigma de vida, para que o despertar seja sincero e consciente.
Esse sofrimento feio, descarado e frio não existe somente lá na África, está aqui, do nosso lado nos rondando o tempo todo , e nós com a nossa cegueira permanente para esse tipo de assunto, nos mantemos longe dessa realidade , que é real e difícil de ser absorvida.
Se até hoje, a sua vida não teve um verdadeiro significado, um dia pelo menos em que você se sentiu vivo, dentro de uma realidade onde você realmente fez diferença... então eu acredito que você ainda tem a chance de fazer esse diferente. Todos nós temos, nunca é tarde demais para mudar pensamentos, criar coragem e mudar nosso mundo.
Como diria Paulo Freire, “para libertar um país, precisamos primeiro libertar a consciência desse povo”.Enquanto estivermos presos á essa consciência individual, nos importando apenas com o que é confortável e deixando de lado aquilo que nos incomoda... nada vai mudar.
Precisamos despertar nossa a consciência coletiva que eu acredito, que mora dentro de todos nós. E a força para mudar, vem disso. Abra seu coração, saiba que ele está disposto sim a uma mudança, mais que isso só se faz com muita coragem e dedicação, sem precisar do exemplo do sofrimento ou da dor. O despertar precisa ser claro e consciente, se não nada vai mudar de verdade.

http://revistaepoca.globo.com/Revista/Epoca/0,,EMI228050-15230,00-MINHAS+RAIZES+SAO+AEREAS.html
Aqui está um pequeno exemplo dessas pessoas que mudam o mundo, o meu mundo, o nosso mundo.
O sonho da minha vida é este, e é só esperar eu me recuperar dessa parada brusca, para poder voltar a correr atrás dele (: E aí, quer fazer parte disso comigo?



sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Eu me amo, e você?


                           
COMO A MEDITAÇÃO BUDISTA DESBLOQUEIA NOSSA SABEDORIA E COMPAIXÃO NATURAL (trecho)
Por Sogyal Rinpoche 

"(...)Por isso, primeiro, para ajudar verdadeiramente os outros, devemos ajudar a nós mesmos. Como diz a tradição Cristã: “A caridade começa em casa”. Podemos começar, antes de tudo, conhecendo nossa mente. Na verdade, o ensinamento inteiro do Buda pode ser resumido e uma única linha: domar, transformar e conquistar essa nossa mente.
A mente é a raiz de tudo: o criador da felicidade e o criador do sofrimento; o criador do que chamamos de nirvana, e do que chamamos de samsara. O samsara é o ciclo da existência, de nascimento e morte, caracterizado pelo sofrimento e determinado por nossas emoções destrutivas e nossas ações prejudiciais. O nirvana é, literalmente, o estado além do sofrimento e infortúnio; podeser dito que é o estado de buda ou a própria iluminação.
Como um grande mestre diz:
“Samsara é a mente voltada pra fora, perdida em suas projeções;
Nirvana é a mente voltada pra dentro, reconhecendo sua verdadeira natureza”.
“A mente voltada pra dentro” não significa se tornar introvertido; significa entender realmente a mente, em sua verdadeira natureza."

Estava pensando no quanto esse meu amor próprio, fez por mim nesses últimos meses.E no o quanto essa minha dose de aparente 'egoísmo' faz diferença na minha sobrevivência.
O apego á vida é um instinto natural que mora dentro de nós há milhares de anos, porém o amor próprio é uma coisa totalmente diferente desse instinto. Lutamos para proteger nossas vidas ao máximo quando ela parece nos escapar pelos dedos, porém no dia-a-dia a realidade parece-me ser outra: deixamos as pessoas pisarem em cima de nós sem que digamos um 'a' , deixamos nossa personalidade de lado por conta dos outros, sendo que a melhor forma de se afirmar algum tipo de amor é aceitando a pessoa como ela realmente é. O 'instinto de sobrevivência' talvez seja algo muito mais relacionado á saúde, mais mesmo assim , pouquíssimas são as pessoas que eu vejo que condenam 100% o cigarro ou o consumo desenfreado dessas milhares de bobagens que ingerimos por dia. Então, resumindo, cheguei a conclusão que hoje em dia, ninguém mais tem amor á si mesmo...

O maior medo das pessoas hoje em dia é realmente esse: o encontro com o seu 'eu', pois seus fantasmas são mais assustadores do que todos os outros que vivem por aí fora. Nossa mente parece-nos muito mais complicada de lidar do que todas as outras mentes humanas juntas, e por isso é muito mais fácil escapar delas nos ocupando com outras, ou quem sabe mudando a nossa, para nos adaptarmos melhor ao que essas outras pensam. Mais será que é melhor mesmo?

Relembro a minha experiência de 28 dias trancafiada dentro de um hospital , sem poder sair nem para andar na rua, e penso em quantos momentos implorei para ficar sozinha lá. Era um desafio pra mim, e o meu objetivo era exatamente este: confrontar com os meus próprios medos, com os meus fantasmas, encarar a mim mesma de frente... porque só assim eu ia conseguir enfrentar todos os problemas externos que me aguardavam. E sinceramente, o meu encontro foi maravilhoso. Raspar meu cabelo foi uma das primeiras provas disso. Foi uma descoberta, foi um renascimento , uma transformação que só eu mesma poderia fazer... ninguém mais faz isso por nós, não adianta. Eu deixar aquele simbolo tão material, porem tão necessário de lado, foi como uma libertação pra minha alma: eu estava livre do contorno tão destrutivo da aparência. Estava feliz e contente comigo mesma, mesmo sem ser a menina mais bonita do mundo aos olhos dos outros. Eu era a pessoa mais bonita do mundo, porém somente ao olhar que realmente importava: o meu.

O meu auto-conhecimento foi preciso para eu perceber tudo isso , e o amor próprio mais ainda. Como vamos querer amar a outra pessoa, se não suportamos nem a nós mesmos? Uma pessoa que ama a si mesma,aprende que é capaz de transbordar tanto amor, que nunca faltará para si e nem para os outros. Aprende que a solidão não é um problema, mais uma aliada nas horas mais difíceis. Aprende que a sua mente é transformadora de ambientes, de amores, de pensamentos... de universos! O mundo está em nossas mãos, sempre, e só nós não nos damos conta disso.

Então que tal parar de esperar o momento em que a vida clamará para que você corra atrás dela, e começar  a valoriza-la desde agora ! Olhe para dentro de si, avalie suas virtudes e defeitos, faça deles um aliado para construir um amor que nunca vai acabar, e quando acabar, vai ser porque você se acabou. O amor que temos por nós morre, quando nós morremos também.
Corra atrás desse amor, porque quando você descobri-lo, descobrindo-se, vai ver que o mundo é um lugar muito melhor para se viver.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

A minha vida tá girando




Estranho como a vida da gente é verdadeiramente uma roda da fortuna. Temos altos e baixos e tudo isso é controlado inexoravelmente pelo destino, ali representado pela esfinge : "Decifra-me, ou devoro-te".
Porém, dentro desses altos e baixos sempre existe algo 'por trás'.Nada nunca é por acaso e isso eu já sei bem. Cada lição nova que temos nessa vida, seja ela boa ou ruim, é uma forma que esse tal de destino nos dá, de quem sabe um dia nos tornarmos pessoas melhores, para nós e para o mundo.Lições como as que eu tive e ainda tenho, são exemplos disso. Só pude me tornar alguém melhor e de fato perceber isto porque passei momentos de tristeza e privação, como foram nos ultimos 8 meses. Mais também porque vivi os momentos mais felizes da minha vida e hoje sei o que eles realmente significam e o quanto realmente importam.
Sei o valor de cada pessoa , sei o meu valor. Comprovei, que de fato , amor se constrói e não se vem automaticamente como muitos pensam. Amor de verdade se mostra nas piores horas, se revela na sua face mais bela nos momentos mais tristes.
Sei também o valor da palavra paciência, e o quanto ela faz diferença em nossas vidas: esperar nunca é demais, quando no final o presente é a sua vida de volta. Essa tal paciência, nada mais é , trocando em miúdos, do que eu chamo de "ciência da paz", que se exercitada da maneira correta só pode nos trazer bons resultados.
Não tenho mais medo de perder meus dias com bobagens, sei agora que cada um deles , é um verdadeiro presente que me foi concebido.
Não tenho pressa para conseguir as coisas que desejo, sei que meus sonhos vão se realizar porque se a vida me deu uma segunda chance foi pra eu provar que todos esses sonhos são passiveis de serem realizados, não importa quando nem onde.
O fantasma do medo nunca me assombrou, porque eu confio naquilo que me foi dado: confio na minha vida e em tudo que ela tem de bom . Confio também que, assim como é mostrado na roda da fortuna, as coisas ruins fazem parte dela, e só com elas pode haver de fato um equilíbrio... porém quem dá conta de fazer isto acontecer somos nós.

Deveríamos, quem sabe, nos inspirar um pouco nessa representação tão antiga que é a esfinge : ter a cabeça de um ser humano, para pensar e aplicar esse conhecimento em coisas boas. Aplicar as garras de um leão, que nada mais representam do que o 'ousar' , ou seja, arriscar e não se prender á conveniências materiais. Usar os flancos, que nos destinam ao querer e as asas, que nos fazem silenciar.
Saber pensar as coisas certas, escolhe-las independente do que os outros pensem , deseja-las porém sabendo a hora certa de fazer o uso delas é  a melhor maneira de decifrar o enigma de nossas vidas.
Eu escolhi não ser devorada pelo meu destino, escolhi decifra-lo e fazer dele o melhor possível.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

O novo e o velho




Deveria ter escrito um texto de final de ano, afinal, 2011 foi um ano um tanto quanto diferente pra mim , se comparado com todos os outros 18 anos que já tinha vivido até então. Mais decidi que queria fazer algo que me desse a oportunidade de poder mesclar um pouco das coisas entre e o ano que foi e o ano que chegou , afinal é com esse passado que começo a moldar meu presente e apenas pensar no meu futuro ( reparem que coloquei pensar, não planejar). Não quero colocar aqui , e na verdade esse nunca foi o objetivo desse blog, motivos para que pessoas como você que lê isso agora ,se sinta mal por reclamar tanto da vida mesmo ‘tendo tudo normal’ na sua vida. Todos temos problemas, mesmo que seja uma dor na perna ou um amor não correspondido. Ninguém pode mensurar a dor que o outro sente muito menos julga-la, porque afinal cada ser humano é único nesse lugar, e sendo assim, seus sentimentos são únicos e eu respeito isto.
Por isso quero colocar nesse primeiro post do ano nosso fator em comum, meu e seu.
Pra começar, você já parou  pra pensar que você é um ser humano? Você é apenas isso, um ser humano cheio de limitações, e felizmente mortal ,e é a partir disso que deve começar a fazer seus planos, porque é a partir dessa pequena, mais existente limitação que devemos começar a buscar nossos objetivos .E ninguém mais humano do que eu para falar disso, afinal meu pequeno e rápido flerte com a morte me deixou claro o fator de ser apenas humana , porque foi nessa experiência que dura até agora , que eu levei um pequeno tapa na cara sobre uma das condições ‘de ser apenas humana’ . Pode-se deduzir pelo meu tom, nesse texto , para quem não me conhece ,que eu nessa experiência apenas aceitei o fato de sermos tão ‘limitados’, mais se você me acompanha a um bom tempo sabe que a história não é bem assim.
Então eu começo a pensar: o que faz uma pessoa ter vontade de viver sabendo que as coisas na vida são tão cheia de obstáculos, de limites? Qual é a graça de viver, sem ter de fato a famosa liberdade de fazer tudo que queremos, a hora que achamos melhor ?
Bom, eu posso dizer que é muito melhor viver e estar vivo sabendo que os limites existem , do que simplesmente não viver. O medo de perder essa oportunidade me fez enxergar isso e se eu posso servir de atestado de alguém que tem vontade de viver essa vida, aqui vai o meu grande conselho : aceite, você não é o super homem muito menos o homem aranha. Você é apenas o José ou o Paulo, mais ainda assim você é muito muito muito especial, apenas pelo fato que está aqui, então reconheça isso. Mas não reconheça isso para os outros, afinal ninguém precisa de mais um ser humano dependente dos outros para sobreviver, mas reconheça isso para si mesmo. Reconheça e agradeça pela pequena oportunidade de estar aqui nesse lugar tão bacana que é a Terra. Nem tudo é desgraça , você sabe disso. Na verdade,  a maioria das coisas não são , muito pelo contrário, qualquer pequeno momento aqui é uma chance , é uma esperança, é um sorriso, uma palavra que podem se tornar apenas coisas boas, basta nós nos esforçarmos para que isso aconteça. Pare de viver os dias... viva os momentos. Pare de contar as horas que passam nesses dias, apenas deixe que elas corram sem que você tenha a consciência que um dia lá um cara limitou os dias nelas. Não estou dizendo para você simplesmente jogar seu relógio no lixo, afinal eu não seria nem louca de lhe pedir isso, mais estou apenas pedindo que você se dê a oportunidade de fazer essa expedição por este lugar e depois um dia, se você encontrar a famosa pedra no caminho, saiba como lidar com ela, porque afinal quem sempre viveu se limitando, na hora que encontra um limite de verdade simplesmente não sabe como ultrapassa-lo.
Mais escrevendo assim, parece que com a minha experiência eu ganhei uma vida totalmente nova, cheia de coisas que me dessem motivos ,e é claro liberdades para viver. É,mais é muito pelo contrário. A minha pedra no caminho me deu apenas mais e mais limites e dessa vez limites reais para continuar vivendo. Limites totalmente reais e palpáveis. Uma realidade que para muitos na verdade é difícil de se imaginar, porque afinal nunca pensamos que poderia se ‘viver’ assim : contando leucócitos para ver se posso ficar perto das pessoas ou não, plaquetas para saber se posso levar um tombo sem ter uma hemorragia ou quem sabe o quanto de hemoglobina existe no meu corpo para que eu consiga pelo menos ficar em pé. Enquanto a realidade de muitas meninas da minha idade, na verdade a maioria delas, é pensar no que o namorado esta pensando dela agora, a minha é simplesmente pensar no que vai ser do resto da minha vida a partir deste momento e eu dou graças a Deus por isto. Hoje, eu sou mais livre do que jamais fui durante toda a minha vida. Hoje eu sei o que significa de verdade a palavra ‘liberdade’ e sei valoriza-la a cada instante que vivo, sei fazer minhas escolhas baseada em algo que é real. Engraçado como a vida é , encontrei minha liberdade vivendo numa bolha de limites. Não estou dizendo que não preferia estar me importando com o que o meu namorado pensa de mim, afinal isso é muuuuuuuuuuuito mais legal do que contar leucócitos , plaquetas e hemoglobina... Mas pensando bem, sem o meu namorado eu viveria, agora sem meus leucócitos, plaquetas e hemoglobina seria um tanto quanto mais complicado de SOBREVIVER.
Não não, não estou dizendo que viveria sem o grande amor da minha vida, mais é que antes de começar a busca-lo eu precisei encontrar o verdadeiro amor dentro da minha vida, que foi o amor por mim mesma. Todos esses fatores , sanguíneos, apenas ilustram uma pequena parte das coisas que deveríamos valorizar para encontrar a verdadeira liberdade no viver e a partir disso amar, beber, comer , se reproduzir...entendeu?
Então que tal escolher sobreviver assim: vivendo de verdade os momentos, se valorizando e principalmente aceitando seus limites, porque somente quem tem a humildade de reconhece-los é capaz de no final encontrar a si mesmo.
Nós somos iguaiszinhos, desde o momento que fomos concebidos até o momento que vamos ter que partir, a nossa única diferença durante toda essa passagem é como escolhemos fazê-la. Sinceramente, não sou diferente , agora, pelo fato de não ter cabelos e ter um cateter acoplado no meu peito, mais sou diferente porque ganhei essa lição de como fazer a passagem de uma forma real e não passa-la á você seria muito egoísmo de minha parte. É como ganhar uma caixa inteira de bombons , ter milhares de pessoas ao meu redor e não querer reparti-la. Então aproveite essa doce experiência que estou lhe oferecendo,  e hoje apenas sente ali no jardim , curta esse céu azul e esse sol maravilhoso e agradeça, de verdade, por estar aqui.Feliz ano novo.